A política das situações de projeto: uma investigação teórica em torno do Plano de Metas brasileiro

  • Felipe Kaizer
##plugins.pubIds.doi.readerDisplayName##: https://doi.org/10.18682/cdc.vi121.4378
Mots-clés: Design theory ; Designing ; Organizational theory ; Management. ; Political history ; Brazil

Résumé

: No debate sobre design e política, o design figura em geral como instrumento da política. Nesse sentido, o design é subordinado a interesses alheios, sejam eles democráticos ou não. Logo, para que se revele sua dimensão política mais própria, é necessária outra concepção de design. Neste artigo, seguindo as teorias acumuladas desde os anos 1960, o design é considerado um processo. Como designing, ele é praticado não apenas por designers profissionais, mas por um conjunto de agentes, com responsabilidades e capacidades diversas. Esses agentes convergem em torno de um problema e dão origem a uma situação de projeto, fundamental ao processo de design. Pelo modo como tal situação articula os agentes em torno da produção de um futuro comum, revela-se sua natureza eminentemente política. O Plano de Metas do governo brasileiro entre 1956 e 1961 apresenta um caso excepcional de situação de projeto, na medida em que reorganiza agentes públicos e privados em uma administração paralela com o intuito de efetivar o Plano. Contornando a oposição do status quo político e a burocracia estatal, a estratégia organizacional de Juscelino Kubitschek possibilita de fato o cumprimento das promessas de campanha em prol do desenvolvimento nacional. Por fim, o estudo desse caso sob uma perspectiva teórica renovada reforça a existência de um campo do saber-e-fazer do design.

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Publiée
2020-12-15