Estratégias de Resistência dos Artefatos Políticos de Zuzu Angel
Résumé
Nos anos de 1970, a estilista/designer Zuzu Angel engajou-se em defesa da democracia por intermédio de suas criações. Após o assassinato do seu filho Stuart Angel pela ditadura militar brasileira (1964-1985), ela iniciou intervenções críticas com intuito de denunciar a violência do Estado. Para tanto, concebeu coleções representando os conflitos e a tortura utilizada pelo regime militar contra prisioneiros políticos. Em 1971, realizou um desfile narrando por meio de estampas, bordados e textos, testemunhos sobre a história contemporânea brasileira. O vestido intitulado Anjo tornou-se a peça icônica da coleção a partir da qual ela bordou uma narrativa visual denunciando a necropolítica. A partir dessa criação, analisaremos o artefato político, servindo-nos da pesquisa de Winner (1980) a fim de propor uma correspondência com o Design Crítico. Seguindo as noções apresentadas por Dunne e Raby, analisaremos a ação política e o pensamento crítico no design. Nesse aspecto, nos deteremos sobre o sentido de política por autores como Arendt (2002), Benjamin (2012) e Bensaïd (2008). Por fim, apresentaremos a análise de Disalvo (2012) e Mouffe (2000) a respeito do Design Adverso e o sentido do agonismo. A proposta é pensar como os projetos em Design e Moda de Zuzu Angel transfiguraram-se num confronto político, sendo uma resistência à ditadura militar brasileira. Investigaremos como o estilo de moda possibilitou ao seu trabalho em design subverter as orientações sobre a usabilidade e função. Pelo campo conceitual, Zuzu Angel também aproximou-se das intervenções artísticas,performatizando sentimentos como a perda, a dor e o silêncio.
Références
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